quarta-feira, 31 de março de 2010

Comparação dos livros Romeu e Julieta - William Shakespeare com Amor de Perdição - Camilo Castelo Branco

Simão e Teresa: Romeu e Julieta

Os pais de Teresa e Simão eram inimigos “por motivos de litígios, em que Domingos Botelho lhe deu sentenças contra”. Afora isso, ainda no ano anterior dois criados de Tadeu de Albuquerque tinham sido feridos na celebrada pancadaria da fonte. É, pois, evidente que o Amor de Teresa, declinando de si o dever de obtemperar e sacrificar-se ao justo azedume de seu pai, era verdadeiro e forte. “(p.29)”. O tema do impedimento amoroso é vasto em literatura, como recorrência; Camilo usa aqui o arquétipo conhecido e usado, inclusive, por Shakespeare em Romeu e Julieta: o amor impossível, pais inimigos que não aceitam o amor entre os filhos. Simão e Teresa viam-se discretamente, sem que a família ou vizinhos pudessem suspeitar deles. Prometiam-se um futuro: "O destino que ambos se prometiam era o mais honesto: ele ia formar-se para poder sustentá-la, se não tivessem outros recursos; ela esperava que seu velho pai falecesse para, senhora sua, lhe dar, com o coração, o seu grande patrimônio”.

Um Pouco da História de Amor de Perdição

Foi escrito em apenas quinze dias, na Cadeia de Relação do Porto, quando o autor tinha 36 nos e vivia um dos problemas, entre os muitos, mais graves de sua vida: estava preso junto com Ana Plácido. Ela havia abandonado o marido para viver com Camilo e ambos foram condenados pelo crime de adultério. Amor de Perdição é a crônica romanceada de um

Membro da família de Camilo: de seu tio, Simão Antônio Botelho, irmão de seu pai, Manuel Botelho, que era o primogênito, e de Rita, que o recolhera como órfão em Vila Real. Simão foi de fato degredado para a Índia, lá chegou — sabe-se — e lá terá perecido — o que se ignora. No romance, porém, o protagonista morrerá no mar, já longe do convento onde Teresa definhava.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Breve síntese da obra Amor de Perdição

Dois quartos da novela constam de uma lenta narração sobre o namoro entre Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, a separação do casal por rixas familiares, a obstinação de Teresa mantendo-se fiel a Simão, não cedendo à insistência do pai, Tadeu de Albuquerque, em casá-la com o fidalgo Baltasar Coutinho. Por outro lado, Simão, que não conta com o apoio de sua própria família, mantém-se escondido na casa de João da Cruz, um ferrador. Contando com a cumplicidade do ferrador e da filha Mariana, o jovem está a salvo. Mariana apaixona-se pelo hóspede e o auxilia de todas as formas, no sentido de que se comunique com a amada Teresa. O capítulo 10 pode ser considerado o clímax da narrativa: é quando se dá a morte de Baltasar

Coutinho. Simão tentara se encontrar com Teresa, quando da mudança do convento de Viseu para Monchique. Baltasar provoca-o e Simão atira e o mata. Assim, os acontecimentos se precipitam. Os outros dois quartos da novela, ou seja, do capítulo 11 em diante, preparam o desenlace trágico. Simão é preso na cadeia da Relação, no Porto. Teresa é mantida enclausurada, no convento de Monchique, também no Porto. Julgado e condenado à morte na forca, Simão passa os dias em desespero, tendo ao lado a fiel companhia de Mariana. Domingo Botelho, pai de Simão e corregedor, nega-se a auxiliar o filho e só o faz tardiamente, quando então consegue comutação da pena e um degredo para as Índias. O final trágico dá-se quando da partida de Simão para o exílio. Teresa assiste do mirante do convento à passagem do navio que leva o seu amado e vem a falecer. Simão, não resistindo à dor de perder a amada, também morre no navio. Mariana suicida-se, abraçada ao cadáver do jovem, já lançado ao mar. Escola literária, estilo de época: Camilo Castelo Branco pertence ao ultra-Romantismo em Portugal, desenvolvido entre 1838 e 1860. A vida trágica, as aventuras pessoais marcam profundamente a obra que o escritor produz. O eixo ao redor do qual gira toda a importância de Camilo é constituído pela novela passional.